Friday, February 08, 2008

Fechei a torneira
A água escorria pela parede, suja,

matizada de ferrugem pura.
Tive medo.

Tentei fechar a torneira para que a água não se esgotasse.
Não fui capaz, a torneira não cedeu nem um milímetro...
e a água tornou-se vermelho negro
e agora o sangue não pára de escorrer pela parede
e confundir-se com o medo que não parece mais que demência.
Mas o sangue é real, viscoso e quente…
e chega ao chão gélido como os cadáveres dos que não conheço.

Nos tempos da inocência não sabia que se morria à sede,
só abarcava a morte das flores.

5 Comments:

Blogger A.Mello-Alter said...

Não terás problemas na canalização?

13/2/08 15:20  
Anonymous Anonymous said...

A nossa tragédia é fazermos da Morte o universo que ela não é. Morremos e acabamos, às vezes morremos antes de morrer quando já não somos as nossas memórias. E é por causa de sermos as nossas memórias é que morremos para além da Morte num sangrar para além do fim.
Como sempre, o que pões em palavras é uma erupção do vulcão que és por dentro.
Beijo amiga;)

Carlos

14/2/08 08:29  
Blogger Å®t Øf £övë said...

Palavras fortes e poderosas.
Bjs.

10/5/08 23:54  
Blogger Eremit@ said...

fortes e poderosas. Mas as pessoas não ser´~ao também elas uma outra espécie de flores? (que também as há venenosas)
Fraterno abraço

19/5/08 10:47  
Blogger Navegar na maionese said...

Adoro a tua maneira de escrever, quanto mais leio mais vidrada fico, vais correr o "risco" de ser lida por todos os meus AMIGOS que eu vou espalhar as tuas palavras.
quando eu gosto de algo tenho que mostrar a todos de quem gosto para se sentirem tão bem como eu.Monica Ribau

17/10/10 13:03  

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